Conversas entre os presidentes incluíram temas diplomáticos sensíveis e reduziram protagonismo da campanha de anistia articulada por Eduardo Bolsonaro
Kuala Lampur, 26/10/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula Empresarial da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Kuala Lampur, 26/10/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula Empresarial da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Durante o encontro bilateral realizado neste domingo (26) em Kuala Lumpur, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiram temas considerados delicados nas relações entre os dois países, incluindo a situação de sanções impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A conversa ocorreu em meio à tentativa do governo brasileiro de reaproximar-se de Washington e normalizar o diálogo diplomático após anos de tensão institucional.
Sanções em revisão
Segundo fontes diplomáticas consultadas pela Reuters e pela BBC Brasil, Lula expressou a Trump a preocupação com a permanência de restrições simbólicas a autoridades brasileiras, adotadas durante o período de crise democrática no Brasil. As medidas teriam sido aplicadas a membros do Judiciário sob suspeitas de violação de direitos civis e de abuso de poder — acusações rejeitadas pelo governo brasileiro e pela própria Corte.
Postura do governo americano
Trump, por sua vez, teria indicado disposição em “reavaliar gestos simbólicos” que afetem o equilíbrio institucional no Brasil, mas reforçou que decisões de política externa dos EUA seguem critérios de segurança jurídica e direitos humanos. Um comunicado do Departamento de Estado confirmou que “temas de governança e justiça” foram tratados na reunião, sem citar nomes.
Percepção no STF
No Brasil, ministros do STF receberam com cautela as notícias sobre o diálogo. Segundo fontes do tribunal, a percepção é de que a discussão reforça o prestígio internacional da Corte e isola tentativas de politização da Justiça. Integrantes próximos ao presidente do STF consideram que “a pauta da anistia a Jair Bolsonaro perdeu espaço” diante de temas mais amplos, como a defesa da democracia e o combate à desinformação.
Eduardo Bolsonaro em segundo plano
Fontes do Congresso afirmam que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vem enfrentando dificuldades para manter viva a campanha pela anistia do pai. O avanço das investigações e o reposicionamento diplomático do Brasil reduziram a força do movimento no exterior, especialmente entre grupos conservadores ligados ao trumpismo.
Próximos passos nas relações bilaterais
As equipes de Lula e Trump devem manter novos encontros técnicos nas próximas semanas para tratar de temas econômicos e de segurança institucional. Ambos os governos classificaram a conversa como “respeitosa e produtiva”, sinalizando que as divergências políticas não impediram avanços diplomáticos.
Fontes: Reuters, BBC Brasil, Departamento de Estado dos EUA, STF.
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