Caracas reage e acusa governo trinitário de se alinhar aos interesses de Washington em meio a nova crise no Caribe
O navio de guerra USS Gravely em Port of Spain, em 26 de outubro de 2025. Foto: Martin Bernetti/AFP

O navio de guerra USS Gravely em Port of Spain, em 26 de outubro de 2025. Foto: Martin Bernetti/AFP
Um navio de guerra dos Estados Unidos atracou neste domingo (26) no porto de Port of Spain, em Trinidad e Tobago, como parte de uma missão de “cooperação regional de segurança”, segundo informou o Departamento de Estado norte-americano. A presença militar, porém, provocou forte reação da Venezuela, que classificou o movimento como uma “provocação deliberada” em um momento de instabilidade política e econômica na região.
Missão de segurança regional
De acordo com nota oficial divulgada pela Embaixada dos EUA em Port of Spain, a embarcação faz parte de um programa de cooperação marítima para “fortalecer a vigilância costeira e o combate ao narcotráfico”. A iniciativa inclui exercícios conjuntos com as forças de defesa de Trinidad e Tobago e apoio técnico na interceptação de rotas ilegais de drogas e armas.
Resposta de Caracas
O governo venezuelano reagiu com críticas duras, acusando Trinidad e Tobago de “ceder às pressões de Washington”. Em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, Caracas afirmou que “qualquer presença militar estrangeira próxima a suas águas representa uma ameaça à soberania e à paz regional”.
Crise diplomática no Caribe
A tensão ocorre poucos dias após o governo trinitário, liderado pela primeira-ministra recém-eleita Denise Rodriguez, firmar um novo acordo de segurança com os EUA. O pacto prevê o compartilhamento de informações e o patrulhamento conjunto em áreas próximas à fronteira marítima venezuelana.
Interesses estratégicos
Especialistas afirmam que a movimentação norte-americana faz parte de uma estratégia para conter a influência de regimes aliados da Rússia e da China na América Latina. “Trinidad se tornou um ponto geopolítico sensível, e Washington quer garantir presença militar preventiva na região”, explicou o analista internacional Eduardo Viola, da Universidade de Brasília (UnB).
Repercussão internacional
Enquanto os Estados Unidos reforçam que a missão é “puramente cooperativa”, governos aliados da Venezuela — como Cuba e Nicarágua — condenaram a presença militar, classificando-a como uma “ingerência inaceitável”. A Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu “moderação e diálogo diplomático”.
Monitoramento contínuo
Segundo fontes militares venezuelanas, unidades da Marinha Bolivariana foram deslocadas para patrulhar a região norte do país. O governo de Nicolás Maduro informou que manterá “vigilância constante” sobre qualquer movimento em águas próximas ao território nacional.
Fontes: Departamento de Estado dos EUA, Chancelaria da Venezuela, OEA, UnB.
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