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Alunos de escola cívico-militar cantam música que incita violência: “entrar na favela e deixar corpo no chão”

 
Episódio levanta questionamentos sobre doutrina militar e radicalização juvenil
Vídeo mostra apologia à violência em colégio cívico-militar do Paraná — Foto: Redes sociais

Um vídeo gravado em uma escola cívico-militar gerou forte indignação nacional após mostrar alunos entoando canto que incita violência explícita, mencionando “entrar na favela e deixar corpo no chão”. As imagens, amplamente divulgadas nas redes sociais, expuseram um ambiente de radicalização preocupante e reacenderam debates sobre o caráter pedagógico das unidades militarizadas. O material revela estudantes uniformizados repetindo versos que simulam operações policiais letais.

Especialistas em educação criticaram duramente o episódio, classificando o canto como violação grave de princípios formativos. Para eles, escolas devem promover cultura de paz, cidadania e respeito — não práticas que reforcem estigmas e naturalizem violência. O caso levanta dúvidas sobre a supervisão pedagógica das unidades militarizadas, muitas vezes administradas por policiais ou militares sem formação educacional adequada.

No vídeo, é possível observar alunos repetindo palavras de ordem incentivadas por instrutores. Para entidades de direitos humanos, trata-se de evidência de doutrina militar direcionada a adolescentes, prática considerada inadequada para o ambiente escolar. Organizações alertam que esse tipo de formação pode estimular visões distorcidas sobre segurança pública e reforçar preconceitos contra moradores de periferias e comunidades.

Governos estaduais que adotaram o modelo cívico-militar têm sido pressionados a prestar esclarecimentos. Alguns governadores defendem que episódios assim são isolados, enquanto críticos afirmam que se trata de problema estrutural. Pesquisadores apontam que a lógica de disciplina rígida e hierarquia absoluta tende a ignorar complexidades sociais e produz ambiente propício para abusos e discursos violentos.

A repercussão nacional também provocou debate político. Parlamentares progressistas cobraram revisão do modelo cívico-militar, alegando que ele representa retrocesso pedagógico e ameaça à formação democrática. Já setores conservadores minimizaram o caso e defenderam o programa, afirmando que os vídeos mostram apenas “empolgação juvenil” e não refletem orientação institucional.

Estudos recentes indicam que escolas militarizadas apresentam aumento de conflitos disciplinares e dificuldades de integração comunitária. Especialistas alertam que o modelo prioriza obediência cega em lugar de competências socioemocionais e pensamento crítico. Para eles, o episódio do canto violento não é acidente, mas consequência de um ambiente que reforça masculinidade agressiva e lógica bélica.

O Ministério da Educação cobrou investigação imediata e afirmou que práticas de incitação à violência são incompatíveis com qualquer proposta educacional. A pasta defendeu que modelos alternativos devem respeitar direitos humanos e a Constituição. Governos estaduais foram orientados a revisar protocolos e garantir supervisão pedagógica sobre instrutores militares.

Enquanto as investigações avançam, o episódio reacende discussão sobre o papel da escola na construção de uma sociedade menos violenta. Para educadores, é urgente repensar modelos que reforcem autoritarismo e discursos de ódio. A violência simbólica que aparece no canto entoado pelos estudantes é reflexo de uma estrutura que precisa ser revista para priorizar inclusão, pensamento crítico e formação cidadã.

Fontes:
• G1
• BBC Brasil

 

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