Aliados tentam transformar ausência física do ex-presidente em estratégia eleitoral híbrida
Imagem: https://iclnoticias.com.br/
A prisão de Jair Bolsonaro obrigou aliados a reformular completamente a estratégia eleitoral para 2026. Sem a presença física do ex-presidente, o núcleo bolsonarista decidiu apostar em uma combinação de tecnologias digitais, vídeos de inteligência artificial e até a tradicional figura do “Bolsonaro de papelão” para manter a militância mobilizada. A ideia, que já circulava nos bastidores, ganhou força após a avaliação de que a imagem do líder teria impacto mesmo à distância.
Segundo dirigentes do PL, a equipe responsável pela comunicação do bolsonarismo já começou a desenvolver avatares digitais de Bolsonaro, capazes de reproduzir sua voz e estilo discursivo. O objetivo é lançar vídeos em eventos públicos, lives e materiais de campanha. A estratégia seria apresentada como “Bolsonaro presente em espírito”, numa tentativa de preservar o protagonismo do ex-presidente mesmo atrás das grades.
Além das ferramentas digitais, aliados devem reintroduzir o boneco de papelão em escala nacional. A peça, utilizada em campanhas passadas, aparecerá em carreatas, reuniões de apoiadores e eventos partidários. A ideia é explorar o simbolismo visual e reforçar o argumento de que Bolsonaro continua sendo o líder moral do grupo, independentemente das restrições judiciais impostas a ele.
A cúpula do PL acredita que a narrativa da “injustiça” continuará sendo central. A campanha pretende sustentar que a prisão de Bolsonaro é resultado de perseguição política, e que sua ausência física não impedirá o avanço do projeto da direita radical. A estratégia tenta replicar modelos internacionais em que líderes presos mantêm influência por meio de símbolos, vídeos gravados e discursos reproduzidos artificialmente.
Apesar do otimismo do núcleo bolsonarista, analistas políticos afirmam que a estratégia enfrenta riscos significativos. Vídeos gerados por IA podem ser facilmente questionados, gerando desgaste e desconfiança. Além disso, a ausência do ex-presidente em debates e agendas presenciais reduz a capacidade de articulação prática da campanha. Ainda assim, aliados acreditam que o “mito digital” pode sustentar engajamento suficiente para evitar dispersão da base.
Dirigentes do PL também discutem utilizar a estrutura partidária para transformar Bolsonaro em espécie de “preso político oficial”, com eventos nacionais dedicados à sua defesa. A proposta inclui caravanas, vigílias e atos públicos com transmissão online. A intenção é criar sensação de unidade e continuidade, mesmo que o ex-presidente esteja impossibilitado de participar das atividades de campanha.
O uso de um Bolsonaro digital promete provocar reações jurídicas. Especialistas afirmam que o TSE deve ser acionado caso vídeos de IA sejam utilizados de forma a simular falas ou ações inexistentes do ex-presidente. A Corte já discute novas regras para o uso de inteligência artificial em campanhas, o que pode gerar entraves para a estratégia bolsonarista.
Diante da ausência do líder, a eleição de 2026 deve se tornar um teste decisivo para o futuro do bolsonarismo. Se o “Bolsonaro virtual” conseguir manter a base mobilizada, o movimento pode sobreviver ao encarceramento. Caso contrário, a tendência é que surjam novos polos de liderança dentro da direita radical. Em qualquer cenário, a campanha será marcada pela disputa entre tecnologia, simbolismo e realidades jurídicas.
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