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Apoio evangélico pode destravar aprovação de Messias ao STF


Religiosos se movimentam para garantir vitória do indicado de Lula no Senado
Presidente Lula indica Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


A indicação de Manoel Carlos Messias ao Supremo Tribunal Federal reacendeu debates intensos dentro e fora do Congresso, especialmente entre setores evangélicos que passaram a ser vistos pelo Planalto como peça-chave para garantir maioria na votação. O Palácio já compreendeu que a resistência inicial instalada no Senado, estimulada por alas conservadoras e por articulações subterrâneas de Davi Alcolumbre, pode ser diluída caso lideranças religiosas se comprometam com a defesa do nome de Messias. Há um esforço real para construir pontes e estancar ruídos que ameaçam comprometer a aprovação.

Pastores de grandes denominações foram procurados por integrantes do governo e por parlamentares que avaliam que a presença de Messias no STF pode representar avanço em pautas de interesse social amplo. O movimento ganha força após anos de radicalismo político que fragilizou laços entre igrejas e estruturas institucionais. Agora, a disputa deixa claro que, para além da qualificação jurídica, o jogo envolve articulações sofisticadas e capacidade de reposicionar narrativas. O apoio evangélico surge, assim, como ativo político de alto valor.

Fontes do Senado afirmam que o temor inicial de rejeição diminuiu, especialmente após Messias sinalizar respeito ao diálogo interinstitucional e à pluralidade religiosa. Essas declarações, divulgadas em entrevistas e encontros reservados, ajudaram a consolidar uma imagem de equilíbrio que agrada setores moderados. O Planalto aposta justamente nessa imagem como contraponto ao clima de tensão criado pela carta de Alcolumbre, que tentou sem sucesso travar o processo de indicação.

Nos bastidores, líderes evangélicos afirmam enxergar em Messias um perfil técnico e confiável, o que poderia representar um novo momento na relação entre o governo federal e as comunidades de fé. O Movimento Evangélico Progressista reforçou que considera essencial a presença de ministros que defendam a Constituição acima de pressões políticas. Essa leitura tem gerado incômodo no bloco bolsonarista, que tenta, sem sucesso, manter influência sobre a narrativa religiosa.

A aproximação não ocorre sem resistência. Alas ultraconservadoras pressionam para que o Senado rejeite a indicação, alegando supostos riscos a “valores tradicionais”. Contudo, a estratégia tem perdido tração à medida que pastores influentes se posicionam publicamente em defesa de diálogo e de um Judiciário fortalecido. O Planalto tem monitorado cada movimento e acredita que o bolsonarismo enfrenta desgaste crescente dentro do próprio segmento evangélico.

Um levantamento interno conduzido por assessores do governo mostra que, se consolidado, o apoio evangélico pode assegurar ao menos 50 votos favoráveis no Senado, número suficiente para confirmar a indicação. Embora ainda haja indefinições, a avaliação é de que a tendência é positiva para Messias, especialmente se novas lideranças religiosas se manifestarem até a data da sabatina. A equipe de articulação está empenhada em evitar ruídos de última hora.

Nos próximos dias, interlocutores do Planalto intensificarão conversas com bancadas diversas para demonstrar que a indicação foi construída com responsabilidade. Fontes ouvidas pelo BVO garantem que Lula acompanha pessoalmente cada etapa e quer evitar que o caso seja contaminado por disputas internas no Congresso. O presidente defende que Messias tem trajetória sólida e reúne todas as condições para ocupar uma das cadeiras mais importantes da República.

Caso a aprovação se confirme, o gesto representará não apenas uma vitória política, mas também uma sinalização de reconstrução institucional após anos de ataques ao Judiciário. O apoio evangélico, por sua vez, pode simbolizar um novo pacto de convivência democrática entre igreja e Estado, abrindo espaço para interlocuções mais maduras. Para o Planalto, a indicação de Messias vai muito além de um nome: é parte de um projeto de estabilização nacional.

Fontes:
Folha de S.Paulo
Estadão


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