Governo age para evitar desgaste na aprovação de Messias ao Supremo
Presidente Lula e Davi Alcolumbre, presidente do Senado — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
A carta enviada por Davi Alcolumbre ao Planalto, criticando bastidores da articulação para a indicação de Manoel Carlos Messias ao STF, acendeu um alerta vermelho no núcleo político do governo. O teor do documento, considerado por ministros como “uma pressão fora do tom”, elevou tensões em um momento em que o Executivo busca estabilidade. Assim que a carta veio a público, o Planalto iniciou uma operação emergencial para evitar que o episódio contaminasse a relação com o Congresso.
A avaliação interna é de que Alcolumbre tentou, com o gesto, recuperar protagonismo perdido ao longo do ano. O movimento, porém, produziu efeito contrário: líderes de diferentes partidos viram a carta como tentativa de interferência excessiva, gerando desconforto até em aliados do senador. Com isso, o governo percebeu oportunidade para reequilibrar o diálogo, reforçando que respeita o rito de indicações e que não aceita pressões que deformem o processo institucional.
Assessores próximos ao presidente Lula afirmam que o clima no Planalto oscilou entre irritação e cautela. Embora incomodado com o ataque indireto, Lula orientou a equipe a reduzir a temperatura e evitar qualquer escalada pública. Para o presidente, o foco deve permanecer na aprovação de Messias e na retomada da estabilidade política. O Planalto se mostra convencido de que o gesto de Alcolumbre não reflete a posição majoritária do Senado.
Nos bastidores, líderes governistas passaram a atuar para blindar o processo contra interferências externas. A ordem é dialogar com todos os senadores, reconstruir pontes e reforçar que o Executivo está aberto a ouvir sugestões — mas não a submeter a indicação ao crivo de disputas pessoais. Essa estratégia tem sido bem recebida, sobretudo por parlamentares que defendem autonomia institucional.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também entrou em campo para ajudar na descompressão da crise. Com trânsito natural no Senado e autoridade reconhecida por sua experiência na Suprema Corte, Lewandowski tem atuado como ponte entre Planalto e parlamentares. Sua presença no processo é vista como decisiva para reorganizar o ambiente e neutralizar possíveis resistências inflamadas.
Paralelamente, o governo tenta impedir que a crise comprometa outras pautas importantes, como o pacote econômico e medidas administrativas consideradas urgentes. Há receio de que a oposição explore o episódio para criar narrativas de desorganização interna. Por isso, a ordem do dia é retomar agendas positivas e reforçar a imagem de que o Planalto controla a situação com serenidade.
Interlocutores do governo defendem que o clima tende a melhorar conforme a sabatina de Messias se aproxima. O Planalto acredita que, uma vez instalada a Comissão de Constituição e Justiça, o foco retornará ao mérito do indicado — e não às tensões paralelas. A expectativa é que a votação ocorra dentro de ambiente técnico, com menos espaço para movimentos de desgaste.
Com a crise parcialmente controlada, Lula volta a apostar no diálogo e na reconstrução de relações com lideranças diversas. O episódio serviu como lembrete de que a política exige vigilância constante e que ruídos podem surgir até entre aliados ocasionais. Ainda assim, o Planalto segue confiante: a indicação de Messias é vista como sólida e, apesar das turbulências, deve avançar rumo à aprovação final no Senado.
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