Governo endurece regras e mira instituições que lucram com certificados sem qualidade educacional
Formandos jogam os chapéus para o ar — Foto: Pixabay
O Ministério da Educação decidiu colocar um ponto final no que já é chamado internamente de “a indústria dos diplomas instantâneos”. Após uma série de denúncias envolvendo instituições que oferecem cursos online de baixa qualidade, com carga horária insuficiente e emissão de certificados irregulares, o MEC anunciou um plano robusto de fiscalização e controle. A medida surge como resposta à avalanche de reclamações registradas por estudantes que se sentiram enganados após investirem em formações que, na prática, não possuem validade legal nem reconhecimento profissional. O objetivo é reorganizar o setor e garantir que o ensino a distância cumpra sua função social.
O problema, segundo técnicos do MEC, é que o avanço do ensino remoto durante a pandemia acabou abrindo brechas para a atuação de empresas oportunistas que passaram a vender diplomas como se fossem produtos de prateleira. Muitos desses cursos prometem formação completa em prazos impossíveis, com mensalidades irrisórias e sem qualquer acompanhamento pedagógico. Para o governo, essas instituições transformaram a educação em negócio de alto lucro e baixo compromisso, provocando um verdadeiro colapso de credibilidade no sistema.
Com o novo pacote de medidas, as plataformas digitais serão obrigadas a comprovar estrutura mínima, corpo docente qualificado e metodologia compatível com as exigências legais. Além disso, o MEC prepara um novo modelo de rastreamento dos certificados emitidos, que permitirá identificar, em tempo real, diplomas falsos ou gerados por escolas não autorizadas. A expectativa é que esse sistema funcione como barreira para fraudes e incentive práticas responsáveis entre instituições sérias.
A ação também prevê punições rigorosas. Escolas flagradas emitindo documentos irregulares poderão perder autorização de funcionamento, sofrer multas pesadas e até responder criminalmente, dependendo do grau da irregularidade. Para o MEC, não existe outra solução a não ser adotar uma política de “tolerância zero” com práticas que comprometem a formação profissional dos brasileiros. A pasta afirma que, sem regulação firme, o país corre o risco de inundar o mercado com profissionais sem qualificação real.
Outra frente importante é o fortalecimento da comunicação com os estados e com o Ministério Público. A ideia é criar uma rede integrada de denúncias e fiscalizações, permitindo que ilegalidades sejam identificadas rapidamente. O governo também pretende estimular estudantes a denunciarem plataformas suspeitas e a consultarem previamente quais instituições estão regularizadas. Essa aproximação com o público é vista como etapa essencial para reconstruir a confiança no ensino virtual.
Especialistas ouvidos por entidades educacionais reforçam que o ensino online é fundamental para democratizar o acesso ao estudo, especialmente para populações que vivem distantes de centros urbanos. No entanto, alertam que, sem mecanismos fortes de controle, o setor se torna terreno fértil para abusos. O Brasil já conviveu com escândalos semelhantes no passado, mas, segundo analistas, a expansão tecnológica aumentou a escala das irregularidades e exige respostas proporcionais.
O MEC também sinalizou que universidades sérias não serão prejudicadas. Pelo contrário: o objetivo é proteger instituições que mantêm padrões de excelência e investem em pesquisa, inovação e qualidade acadêmica. Para o governo, o combate às fraudes permitirá distinguir claramente entre educação comprometida e práticas predatórias. Assim, a pasta acredita que conseguirá elevar o reconhecimento dos cursos bem avaliados.
Nos próximos meses, a expectativa é que o setor passe por profunda reestruturação. O governo quer transformar o ensino a distância em referência de qualidade, e não em sinônimo de diplomas fáceis. Para isso, apostará em fiscalização contínua, tecnologia e diálogo com a sociedade. O MEC reafirma que educação não pode ser mercadoria, mas ferramenta de formação cidadã. A promessa é simples: acabar de vez com a farra dos certificados fraudulentos no Brasil.
Fontes:
• G1
• Folha de S.Paulo
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