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Ramagem desafia Moraes e faz bravata sobre extradição aos EUA


Aliado de Bolsonaro tenta capitalizar politicamente fuga do Brasil enquanto é pressionado por investigações
Deputado condenado a 16 anos de prisão é considerado foragido após sair do país sem comunicar a Justiça. (Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados)


O ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, voltou a provocar instabilidade política ao desafiar publicamente o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que está “pronto para ser extraditado” dos Estados Unidos. A declaração, feita durante uma live transmitida por apoiadores bolsonaristas, foi interpretada por juristas como tentativa de vitimização e estratégia para fugir do cerco das investigações que apuram uso indevido da agência de inteligência para fins políticos durante o governo Bolsonaro. Segundo aliados, Ramagem tenta transformar sua situação em capital simbólico para reforçar laços com a extrema direita.

Ramagem se refugiou nos EUA poucos dias antes de operações policiais atingirem figuras ligadas ao antigo núcleo de poder bolsonarista. Apesar de alegar “viagem pessoal”, fontes do Congresso afirmam que sua partida coincide com a intensificação de investigações que avançam sobre espionagem ilegal de adversários políticos e monitoramento clandestino. O ex-diretor tenta inverter a narrativa, sugerindo perseguição, mas a Polícia Federal afirma ter provas robustas que justificam seu indiciamento.

Ao afirmar que “Moraes pode pedir sua extradição”, Ramagem mira diretamente o público que vê o ministro do STF como inimigo ideológico. O discurso é visto como bravata, já que, até o momento, não há pedido de prisão formal nem emissão de ordem internacional contra ele. O gesto, portanto, não passa de tentativa de ampliar engajamento político e manter influência dentro da militância bolsonarista em um momento de fragilidade jurídica.

Juristas consultados destacam que extradição não funciona dessa forma. Mesmo que houvesse mandado, o processo dependeria de cooperação internacional, decisão judicial e critérios legais que não têm relação com discursos inflamados. Especialistas afirmam que Ramagem tenta explorar o desconhecimento da população sobre esses procedimentos para fabricar sensação de heroísmo e perseguição. O objetivo seria reproduzir estratégia semelhante à usada por outros nomes da extrema direita que se colocam como vítimas do sistema.

Fontes do STF afirmam que Moraes não pretende alimentar o teatro político de Ramagem e age estritamente dentro da lei. O ministro tem evitado comentar provocações e segue concentrado nas etapas formais da investigação. O entendimento no Supremo é de que alimentar falas extremistas apenas fortalece o discurso conspiratório que o bolsonarismo tenta manter vivo desde 2018.

Enquanto isso, a fuga de Ramagem tem causado mal-estar entre aliados. Deputados e dirigentes do PL consideram que seu exílio informal enfraquece a imagem do grupo e dificulta a narrativa de “injustiçados” que a direita tenta sustentar após a prisão de Bolsonaro. Alguns avaliam que o ex-diretor deveria retornar ao Brasil para se defender, mas admitem que o clima jurídico é desfavorável e que a volta poderia resultar em prisão preventiva, dependendo do avanço das investigações.

A situação também pressiona parlamentares ligados ao bolsonarismo, que enfrentam desgaste público diante de novos desdobramentos sobre uso irregular da Abin. A oposição tem cobrado responsabilização exemplar, afirmando que o país não pode tolerar organismos de Estado usados para espionagem doméstica. Para esses grupos, o caso Ramagem representa falência ética de um período marcado por desmonte institucional e aparelhamento político.

Mesmo distante fisicamente, Ramagem tenta se manter relevante no debate nacional, usando redes sociais e lives para inflamar segmentos fiéis ao bolsonarismo. Contudo, analistas políticos avaliam que a estratégia pode ter efeito limitado, já que parte da base conservadora prefere concentrar energia na defesa de Bolsonaro, atualmente preso. O futuro de Ramagem segue incerto: enquanto ele aposta na provocação, o cerco jurídico se fecha, e sua bravata sobre extradição parece mais um grito desesperado do que uma força real.

Fontes:
• UOL
• O Globo



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