Presidente defende nova lógica de jornada e descanso em negociação com centrais sindicais e empresários
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Lula afirmou que “o trabalhador merece o fim da escala 6x1”, defendendo uma reorganização das jornadas que garanta mais descanso semanal e melhor qualidade de vida para quem trabalha em setores com escalas pesadas, como comércio, serviços e indústria. A declaração foi feita em reunião com centrais sindicais, na qual o presidente reforçou que crescimento econômico precisa vir acompanhado de respeito à saúde física e mental da classe trabalhadora. O tema entra na pauta de debates sobre atualização da legislação trabalhista.
Segundo auxiliares, o governo discute possibilidades que vão desde incentivo a escalas 5x2 até modelos híbridos que preservem direitos sem inviabilizar setores que funcionam em regime de plantão ou atendimento contínuo. A preocupação central é combater jornadas exaustivas, domingos consecutivos de trabalho e falta de previsibilidade na folga, situação que afeta milhões de empregados. Lula tem repetido que “ninguém é máquina” e que descanso é parte da dignidade.
As centrais sindicais veem na fala do presidente uma oportunidade para recolocar, na mesa de negociação, pontos que ficaram pendentes após a reforma trabalhista recente. Representantes de bancários, comerciários, metalúrgicos e trabalhadores de apps defendem regras mais claras sobre descanso semanal remunerado, adicional por trabalho em fins de semana e compensação de horas. Argumentam que o modelo 6x1, na prática, tem sido usado para espremer o máximo de produtividade com o mínimo de pausa.
Do lado empresarial, há resistência a mudanças bruscas, especialmente em segmentos que dependem de funcionamento contínuo, como supermercados, shoppings, hospitais privados e call centers. Entidades patronais alertam que alterações mal calibradas podem aumentar custos, reduzir competitividade e estimular informalidade. Parte delas, porém, admite discutir transições graduais e mecanismos de compensação.
Especialistas em saúde do trabalho ressaltam que jornadas longas e com poucas folgas estão associadas a maior incidência de doenças cardiovasculares, transtornos mentais e acidentes. Estudos indicam que a produtividade de longo prazo cai quando o descanso é comprimido, o que enfraquece o principal argumento de que 6x1 é eficaz economicamente. A pauta da jornada, assim, é também uma pauta de saúde pública.
O governo avalia criar um grupo tripartite, com representantes de trabalhadores, empresários e Executivo, para discutir mudanças na legislação ou acordos setoriais que possam flexibilizar sem precarizar. A ideia é testar soluções por setor, em vez de impor um modelo único para toda a economia. Isso abriria espaço para negociações específicas em ramos como teleatendimento, comércio varejista e logística.
Para Lula, a defesa do fim da escala 6x1 também tem dimensão simbólica, pois dialoga diretamente com sua base histórica no movimento sindical. Ao retomar temas clássicos como jornada, descanso e fim do trabalho em condições degradantes, o presidente reforça sua imagem de aliado dos trabalhadores em meio a um governo que precisa equilibrar responsabilidade fiscal e agenda social.
A discussão sobre jornadas deve se conectar a outras frentes, como regulamentação do trabalho por aplicativo, regras para trabalho remoto e fiscalização de horas extras. O resultado dessas negociações poderá redefinir, nos próximos anos, a forma como milhões de brasileiros organizam seu tempo entre trabalho e vida pessoal.
Fontes: Agência Brasil, Poder360, CUT, UOL Economia
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