Justiça mantém punição por uso indevido de comunicação e multa, deixando influencer fora da disputa até 2032
Foto: Renato Pizzutto/Band
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decidiu manter a inelegibilidade de Pablo Marçal, confirmando que o influencer e empresário não poderá disputar cargos nas eleições de 2026. A corte julgou recursos e, por maioria apertada, optou por preservar condenação anterior por uso indevido dos meios de comunicação, abuso de poder econômico e propaganda irregular. A decisão também manteve multa de cerca de R$ 420 mil.
No centro do processo está o uso maciço de redes sociais, estrutura empresarial e eventos de grande porte para promoção pessoal com viés eleitoral antecipado. Segundo o TRE, Marçal teria se valido de sua condição de guru motivacional e de dono de empresas de treinamento para impulsionar sua imagem política em desrespeito às regras de isonomia. A Justiça entendeu que houve desequilíbrio na disputa.
A defesa argumentou que se tratava apenas de atividade profissional e de liberdade de expressão, sem configuração de campanha antecipada. Sustentou ainda que, em cenário de comunicação digital, é natural que figuras públicas falem de política em seus conteúdos. O tribunal, porém, considerou que o padrão de mensagens, a frequência e a estrutura financeira por trás das ações extrapolaram limites aceitáveis.
Com a manutenção da inelegibilidade até 2032, Marçal fica de fora de eleições municipais e gerais nos próximos ciclos, o que altera cálculos de partidos que cogitavam integrá-lo a chapas competitivas. Ele vinha sendo sondado para disputar prefeitura ou cargos legislativos, capitalizando seu alcance nas redes. A decisão reduz as alternativas de certos segmentos da direita que buscavam rostos novos.
Analistas eleitorais apontam que o caso de Marçal é um recado importante da Justiça Eleitoral sobre o uso de plataformas digitais e estruturas privadas na política. A linha adotada sugere que não haverá tolerância com híbridos de empresa de marketing, coaching e campanha disfarçada. O precedente pode afetar outros influenciadores que pretendem migrar para a disputa institucional.
Nas redes, o influencer reagiu criticando o sistema político e se colocando como vítima de perseguição, discurso que agrada parte de sua base. Ainda assim, a impossibilidade de concorrer limita sua capacidade de transformar engajamento em votos. Resta a ele atuar como cabo eleitoral ou articulador informal.
Partidos que flertavam com sua candidatura agora precisam reorganizar estratégias, apostando em outros nomes para dialogar com o público jovem, evangélico e empreendedor que Marçal mobiliza. Isso pode abrir espaço para novos influenciadores ou fortalecer lideranças já estabelecidas nesse nicho.
O caso ainda pode ser levado a instâncias superiores, como o TSE, mas, até que haja eventual reversão, o cenário para 2026 está consolidado com Marçal fora do páreo. A decisão reforça que a fronteira entre conteúdo motivacional e campanha política será cada vez mais examinada pelos tribunais.
Fontes: TRE-SP, G1, Veja, Migalhas
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