Líderes veem operações contra Sóstenes e Jordy como “fumaça demais para pouco incêndio” e cogitam isolamento de alvos mais tóxicos
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (Foto: Agência Câmara)
Centrão,PL,IndíciosCorrupção, As operações da PF contra Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy acenderam sinal de alerta no centrão, onde líderes admitem, em reservado, que há “indícios consistentes” de corrupção no uso da cota parlamentar por deputados do PL. A leitura é que as quebras de sigilo, as movimentações milionárias de assessores e a apreensão de grande volume em espécie configuram um quadro difícil de ser vendido como perseguição pura e simples. Mesmo aliados tradicionais do bolsonarismo reconhecem, nos bastidores, que há “fumaça demais para pouco incêndio”.
LiderançasBancada,ReservaDistanciamento, Chefes de partidos do bloco, que inclui siglas como PP, Republicanos e União Brasil, começaram a adotar discursos mais cuidadosos quando se referem aos alvos das operações. Em vez de defender Sóstenes e Jordy de forma aberta, muitos optam por falar em “direito de defesa” e “necessidade de investigação”, sinalizando um distanciamento gradual. A avaliação é que o centrão não pode se permitir ser arrastado para uma crise de imagem alheia justamente às vésperas de debates orçamentários e de montagem de palanques para 2026.
EsquemaAssessores,27Milhões,Alarme, Relatórios que apontam movimentações de cerca de R$ 27 milhões por assessores ligados ao PL, com origem não identificada, reforçam a sensação de gravidade entre caciques. Valores de R$ 11 milhões, R$ 6 milhões e R$ 4 milhões em contas de auxiliares com salários modestos são vistos como incompatíveis com a ideia de simples irregularidades administrativas. No centrão, não são poucos os que lembram escândalos passados de “rachadinha” e temem que a narrativa anticorrupção da direita desmorone de vez.
EstratégiaIsolamento,BodesExpiatórios, Diante do risco de contágio, cresce a tendência de isolar os nomes mais queimados, tratando-os como casos individuais, e não como prática sistêmica. A estratégia seria permitir que investigações avancem sobre Sóstenes, Jordy e assessores específicos, ao mesmo tempo em que o bloco tenta preservar a marca de “parceiro responsável” do governo na agenda econômica e de costumes. Em linguagem direta: alguns podem virar bodes expiatórios para salvar o conjunto da coalizão.
RelaçãoComGoverno,LulaObserva,Negociações, O Planalto acompanha o movimento com atenção. Assessores de Lula avaliam que denúncias contra quadros do PL e de setores da direita fragilizam a resistência às pautas do governo em temas como reforma tributária infraconstitucional e projetos sociais. Ao mesmo tempo, sabem que não podem dar a impressão de instrumentalizar as investigações. A aposta é deixar PF e STF atuarem e negociar com o centrão a partir do novo equilíbrio de forças, em que o bolsonarismo chega mais desgastado às mesas de diálogo.
DiscursoAnticorrupção,DissonânciaNarrativa, No campo simbólico, o centrão vê com preocupação a dissonância entre a narrativa de “moralidade” defendida por parte da direita e o acúmulo de operações que atingem diretamente seus quadros. O contraste entre fala e prática pode repercutir em bases religiosas e conservadoras, fundamentais para muitos deputados. Por isso, líderes insistem que é preciso “deixar a Justiça trabalhar” e, ao mesmo tempo, realinhar o discurso para não parecer cúmplice de eventuais práticas criminosas.
PLNaMira,DisputaInterna,Sucessão, Dentro do PL, a crise se soma a outras frentes de tensão, como a disputa pelo espólio político de Jair Bolsonaro e os embates sobre quem representará o campo em 2026. Operações de corrupção enfraquecem o partido na hora de negociar alianças, espaços em governos estaduais e candidaturas majoritárias. Há quem veja, inclusive, oportunidade para surgimento de novas lideranças menos associadas a escândalos, em detrimento de figuras hoje mais midiáticas, porém desgastadas.
RiscoDeOnda,OutrosAlvosNoHorizonte, A principal preocupação do centrão é que a investigação atual seja apenas a primeira de uma série de ofensivas da PF sobre o uso da cota parlamentar em vários partidos. Se o modelo de locadoras e assessores como operadores de desvios se mostrar recorrente, o escândalo pode escalar para algo comparável, em desgaste público, a casos históricos como as verbas de gabinete e o mensalão. Nesse cenário, o bloco sabe que precisará de narrativa unificada para não ser tragado por uma onda anticorrupção renovada.
FONTES: Brasil 247, R7, Congresso em Foco, CNN Brasil, Gazeta do Povo e relatórios da PF sobre movimentações de assessores ligados ao PL e à operação Galho Fraco.poder360
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