Empresa suspeita de fachada recebeu milhares em contratos, e dinheiro público teria sido lavado por meio de saques e repasses em cadeia
Foto: Agência O Globo
PF,Locadora,FraudeCotaParlamentar, A operação Galho Fraco, desdobramento da Rent a Car, detalhou como uma locadora de veículos se tornou peça central no suposto esquema de desvio da cota parlamentar dos deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio. Relatórios da PF apontam que a empresa recebeu valores recorrentes de gabinetes parlamentares por serviços de aluguel de carros que, em muitos casos, não teriam sido efetivamente prestados. A suspeita é de que se tratava de contrato simulado, usado para transformar verba pública em dinheiro em espécie e movimentações opacas.
ContratosSimulados,NotasFiscais,GastosInflados, Documentos obtidos pela investigação mostram gastos expressivos com locação, bem acima da média de outros gabinetes, e notas fiscais que se repetem com pequenas variações de valor e descrição. Em alguns períodos, quase toda a cota destinada a transporte teria sido canalizada para a mesma empresa ou para um grupo restrito de prestadores ligados entre si. Para a PF, esse padrão sugere a existência de faturamento artificial, com possível devolução de parte dos recursos a operadores e beneficiários finais.
EmpresaDeFachada,CapacidadeEstruturalDuvidosa, Ao analisar registros públicos e visitas in loco, investigadores concluíram que a locadora não tinha estrutura compatível com o volume de contratos emitidos para gabinetes parlamentares. Endereço modesto, frota limitada e ausência de funcionários suficientes indicam que a empresa servia, principalmente, como engrenagem financeira. Relatórios descrevem o negócio como “de fachada” ou “subdimensionado”, reforçando a tese de que a função principal era emitir documentos fiscais para justificar o fluxo de dinheiro público.
Sóstenes,GastosComAluguéis,AssessoresNaPonta, No gabinete de Sóstenes, a PF identificou concentrações de despesas com a locadora e com outras empresas ligadas a pessoas próximas do deputado. Assessores nomeados por ele aparecem como responsáveis por autorizar pagamentos e, em seguida, movimentar valores em contas próprias ou de familiares. Essa triangulação é considerada peça-chave para demonstrar que o desvio não ocorreu à revelia da estrutura do gabinete, mas como parte de uma engrenagem que usava a locadora como ponto de partida.
Jordy,ItamarSantana,EloFinanceiro, No caso de Carlos Jordy, a ligação passa especialmente pelo assessor Itamar de Souza Santana, que teria atuado como operador do esquema. Ele aparece recebendo repasses em sequência após pagamentos públicos à locadora, além de movimentar quantias muito acima de seus rendimentos formais. A PF aponta que Jordy mantinha relação financeira estreita com Itamar, com empréstimos e transferências difíceis de explicar apenas como apoio pessoal, o que reforça o vínculo entre os contratos suspeitos e o círculo do deputado.
OperaçãoGalhoFraco,BuscaEApreensão,Provas, A fase atual da operação cumpriu mandados de busca nas residências de Sóstenes e Jordy, apreendendo celulares, computadores e documentos impressos, além de cerca de R$ 400 mil em espécie na casa de Sóstenes. Os investigadores esperam que mensagens, planilhas e extratos encontrados nesses aparelhos ajudem a comprovar a rota completa do dinheiro: da cota parlamentar até a locadora e, de lá, para contas de assessores e outros destinatários. A análise de dados deve ocorrer nas próximas semanas.
Defesas,LegalidadeContratos,Narrativa, As defesas dos deputados alegam que todos os contratos com a locadora são legais, que os veículos foram efetivamente utilizados em atividades parlamentares e que a empresa presta serviços a outros clientes sem qualquer contestação. A narrativa é de que a operação teria motivação política e que a PF estaria criminalizando a rotina de gastos de gabinete. Jordy fala em “perseguição” por ser um dos líderes da oposição, enquanto Sóstenes, até o momento, adotou postura mais discreta, sem declarações extensas.
ImpactoNoPL,ImagemAnticorrupção,Desgaste, As revelações sobre o uso da cota parlamentar para alimentar contratos suspeitos minam o discurso anticorrupção frequentemente usado pelo PL e pelo bolsonarismo. O partido, que se projeta como defensor da boa gestão do dinheiro público, agora se vê associado a denúncias clássicas de desvio de verba de gabinete. A depender da evolução do inquérito, a locadora e seus contratos tendem a se tornar símbolo de hipocrisia política no debate público, com efeitos eleitorais sobre os envolvidos.
FONTES: CNN Brasil, Brasil 247, Gazeta do Povo, R7, Congresso em Foco e decisão da PF sobre as operações Rent a Car e Galho Fraco envolvendo Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy.gazetadopovo
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