Ministro cita indícios de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro em esquema de desvio de cota parlamentar
Flávio Dino (Foto: Antonio Augusto/STF)
Dino,Peculato,OrganizaçãoCriminosa,Lavagem, A decisão do ministro Flávio Dino que autorizou a operação da Polícia Federal contra os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) descreve um “quadro robusto” de indícios de crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O despacho, de 11 de dezembro, acolhe representação da PF e parecer da Procuradoria-Geral da República, apontando para um esquema estruturado que envolveria assessores parlamentares, familiares e empresas ligadas aos gabinetes. Dino ressalta que, nesta fase, basta a preponderância de indícios para justificar medidas cautelares amplas.
PF,Inquérito,EsquemaCotaParlamentar, A investigação mira o uso sistemático da cota parlamentar destinada a despesas de gabinete, especialmente gastos com locação de veículos e serviços, para irrigar empresas suspeitas de serem de fachada. Segundo a PF, parte significativa dos recursos públicos era desviada e posteriormente “lavada” por meio de contratos simulados, repasses em cadeia e movimentações em contas de assessores. O padrão detectado indica atuação organizada, com divisão de tarefas entre operadores financeiros, laranjas e beneficiários finais ligados aos deputados.
QuebraDeSigilo,MedidasCautelares,Alcance, Dino autorizou buscas e apreensões em endereços residenciais e profissionais de Sóstenes, Jordy e de diversos assessores, bem como a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático dos investigados entre 2018 e 2024. A decisão permite acesso a dados armazenados em nuvem, extratos detalhados, declarações de imposto de renda e comunicações eletrônicas. O objetivo é reconstruir o fluxo do dinheiro público, identificar possíveis destinatários ocultos e verificar compatibilidade entre renda declarada e movimentações efetivas.
IndíciosContraSóstenes,Assessores,Desvios, No caso de Sóstenes Cavalcante, a PF sustenta que assessores de confiança teriam sido usados como peças centrais do esquema, recebendo recursos via cota parlamentar e promovendo saques e transferências suspeitas. A presença de familiares e pessoas do círculo íntimo nas empresas contratadas reforça, para os investigadores, a tese de controle político sobre a engrenagem. Dino aponta participação “voluntária e consciente” do deputado na dinâmica, embora ressalte que a comprovação definitiva dependerá da análise dos dados colhidos.
IndíciosContraJordy,OperadorItamarSantana, Em relação a Carlos Jordy, a decisão destaca a relação financeira “direta e atípica” com seu secretário parlamentar Itamar de Souza Santana, apontado como operador do esquema. Movimentações milionárias, empréstimos informais e repasses sem lastro econômico claro chamaram atenção da PF. Para Dino, a intensidade e a frequência desses fluxos sugerem algo muito além de simples relação profissional, indicando possível uso do assessor como intermediário para ocultar valores provenientes de desvios de verba de gabinete.
OrganizaçãoCriminosa,Hierarquia,DivisãoTarefas, A combinação de empresas suspeitas, assessores com movimentações incompatíveis e vínculos pessoais com os parlamentares levou a PF a falar em organização criminosa voltada ao desvio e à lavagem. O desenho descrito nos autos inclui quem autoriza a despesa na Câmara, quem emite as notas, quem recebe o dinheiro, quem movimenta as contas e quem, em tese, se beneficia por trás. Dino acata essa leitura, afirmando que o padrão observado não se confunde com irregularidades administrativas pontuais, mas com atuação reiterada e estruturada.
ReaçãoDosDeputados,PerseguiçãoNarrativa, Sóstenes e Jordy reagiram publicamente, alegando perseguição política e afirmando que todos os contratos firmados com recursos da cota parlamentar são legais e auditáveis. Jordy classificou a operação como tentativa de calar opositores do governo e negou qualquer irregularidade com a locadora investigada. Sóstenes resgatou declarações antigas nas quais dizia que “podem revirar tudo” que nada seria encontrado, mas, agora, vê sua casa e suas contas vasculhadas em uma fase mais avançada da apuração.
PróximosPassos,AnáliseDeDados,RiscoPolítico, Com a quebra de sigilos em curso, a PF terá semanas para montar o quebra-cabeça financeiro e encaminhar novo relatório ao STF. Se os indícios se consolidarem, o caso pode evoluir para denúncia formal da PGR e abertura de ação penal contra os deputados, com potencial de suspensão de mandato e inelegibilidade. Politicamente, o processo atinge em cheio o PL e o bloco bolsonarista na Câmara, que já enfrentam outros escândalos e agora veem figuras de destaque associadas a suspeitas graves de corrupção.
FONTES: Brasil 247, Congresso em Foco, Correio Braziliense, CNN Brasil, InfoMoney e decisões do STF sobre a operação contra Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy.brasil247
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